sábado, 29 de janeiro de 2011

Testemunho: Mediadores da Vocação

A vocação é um dado da vida humana. Todos estamos chamados para a realização de pequenos projetos ou grandes ideais. A vocação tem a sua origem em Deus, no entanto Ele serve-se de mediadores, homens e mulheres, experimentados nas coisas de Deus, que captam mais rapidamente os sinais de chamado e os interpretam. São mediadores, servidores da vocação.
A voz interior que a pessoa chamada experimenta nem sempre é entendida. Precisa de ser confirmado na percepção que teve de Deus que o chamava. Entre Aquele que chama e o que está chamado a responder, há sempre uma terceira pessoa ou pessoas que ajudam a clarificar a voz de Deus que chama e a adequar a resposta do escolhido.
Este papel mediador e estimulador da resposta vocacional é normalmente chamado de promotor ou animador vocacional. Todos os que sentem a vida como vocação, todos aqueles que já deram uma resposta ao chamamento de Deus podem e devem ser servidores da vocação. Os pais, os catequistas, os padres, as religiosas, missionários… todos podemos cultivar esta sensibilidade vocacional para sabermos ler, interpretar e clarificar a voz de Jesus que continua a chamar para as mais variadas vocações, em todo o tempo e lugar. Uma das figuras bíblicas que melhor desempenha este papel de mediador da vocação é o sacerdote Heli (1 Sam 3). O jovem Samuel, segundo narra esta passagem bíblica, não identificava a voz que o chamava, levantava-se com generosidade, ia ter com Heli, mas não era capaz de responder adequadamente. Então, este homem, experimentado nas coisas de Deus, instruiu Samuel sobre a forma de se colocar diante de Deus, fez um ajustado encaminhamento, dizendo-lhe: «Quando o Senhor te chamar de novo, responde-Lhe: “fala, Senhor, que o teu servo escuta!”». Só assim Samuel pode perceber que Deus o chamava para seu profeta.
Também no Novo Testamento encontramos muitos outros exemplos de mediação. Recordamos um que foi protagonizado por André relativamente a Pedro. Assim narra a passagem: «Ouvindo-o falar desta maneira os dois discípulos seguiram Jesus. André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: “encontrámos o Messias!” – que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus”. (Jo, 1, 37. 40-42). Precisamos quem nos fale de Jesus, precisamos de alguém que nos leve até Ele, tal como o fez André.
A voz de Deus não se impõe, é suave e discreta. Ora, se não existirem na Igreja homens e mulheres habituados a tratar com Deus, a falar-Lhe, alguém que conheça a Sua voz e nos coloque à escuta, perdem-se muitas vocações. O Senhor está à porta e chama. Chama pela primeira vez e chama os já chamados mas serem mediadores e intérpretes do Seu chamado para os jovens do nosso tempo.
Também S. João da Cruz nos abre caminhos nesta missão de escutar o chamado de Deus e identificar os caminhos por onde nos quer levar. Diz-nos no início do Livro da Subida do Monte Carmelo: «Dá pena ver muitas pessoas, a quem Deus dá talento e ajuda para avançar, contentarem-se com um pobre relação com Deus por não quererem, ou não saberem, ou não terem quem as oriente e ensine a desprenderem-se daqueles começos; pois, se elas quisessem, poderiam chegar a este alto estado».

Se pensarmos que cada um de nós é instrumento escolhido para despertar, encaminhar e mediar a o chamamento do Senhor, abrir-se-á um vasto horizonte de compromisso e missão na vida de todos os cristãos.
Fr. Noé de S. Teresa Benedita da Cruz

Tudo isso e muito mais em: http://vocacoes.carmelitas.pt

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