quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Formação das Monjas Carmelitas

Conforme foi prometido, aqui vai um ótimo texto sobre a Formação das Monjas Carmelitas, agradecemos ao Carmelo de Nossa Senhora Aparecida, em Belo Horizonte por tê-lo postado em seu site, e desde já pedimos licença para dividi-lo com nossos queridos leitores. Queremos que essa seja a primeira de várias boas formações que nosso blog tornará conhecida por nossos amados vocacionados ao Carmelo.


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PROCESSO

A Formação: um processo

Uma Monja Carmelita não nasce pronta. Nenhuma jovem se torna Carmelita Descalça de um dia para o outro. Como uma jovem que não pôde continuar seus estudos , ou uma universitária, ou uma mulher que teve responsabilidades profissionais, ou uma mulher que viveu o matrimônio e criou filhos, ou uma religiosa de vida apostólica chamada ao Carmelo poderão ser formadas nos caminhos de Santa Teresa de Jesus?

O processo de formação de uma Carmelita é longo. É um desafio para toda a vida. Não se improvisa uma vocação carmelita. Segundo o documento interno “Ratio Institutionis Monialum OCD" (Formação das Monjas no Carmelo Teresiano), que aqui usaremos,  “A formação religiosa está a serviço da pessoa e da graça de sua vocação ao longo de toda a vida. Respeita e estimula o progresso e os ritmos de crescimento da pessoa e ajuda-a a despojar-se do que ainda está inacabado, ‘até que cheguemos todos... ao estado de Homem Perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Cap. III, n. 23)

“A formação abarca a integridade da pessoa e pretende harmonizar os dons da natureza e da graça, de maneira que ela possa unificar em si mesma sua vocação de mulher, de cristã e de religiosa carmelita o mais conscientemente possível”, também afirma a “Ratio” no número 26. Valoriza-se aí, dentro do processo formativo, a pessoa em sua subjetividade, levando-se em conta dois aspectos: a maturação humana e a maturação cristã de uma carmelita.


A maturação humana

Uma sólida base humana condiciona o crescimento espiritual e o desenvolvimento da vocação. Entretanto, nunca se chega a um estado de maturidade definitiva. A religiosa é chamada a fortalecer-se e firmar-se ao longo de toda sua vida (n. 27). O equilíbrio da pessoa supõe uma apreciação positiva do corpo, de seu valor e de seu significado (n. 28); a maturidade psíquica supõe uma suficiente percepção da realidade e das outras pessoas, porém, sobretudo, indica capacidade de compreender-se, de aceitar-se e de se fazer entender. Esta maturidade cresce à medida que a pessoa põe em prática de maneira livre e responsável suas qualidades de inteligência, de vontade e de sensibilidade (n. 29). 

A maturidade afetiva exige sempre uma suficiente lucidez da pessoa sobre sua própria história e capacidade de chamar pelo nome certo as coisas, os fatos, os sofrimentos e as alegrias do passado, para aceitar-se como é (n. 30) e autentica a relação com os outros (n. 31). A lucidez de sua história afetiva previne-a contra as regressões e ajuda-a a passar de um amor egocêntrico a uma atitude aberta e oblativa. Na Comunidade pode situar-se então sem medo e alegrar-se com as diferenças das demais irmãs. Torna-se capaz de dominar progressivamente seus impulsos e sua agressividade e florescerão nela as virtudes sociais: sinceridade, fidelidade à palavra dada... Sua maturidade faz dela, progressivamente, um ser livre que liberta os outros (idem). O retiro no silêncio para seguir a Jesus Cristo no marco de uma vida comunitária e claustral, implica uma nova maneira de viver os afetos familiares e as amizades contraídas no mundo (n. 32) 

A maturação cristã de uma Carmelita 

No discernimento das vocações cuidar-se-á que as candidatas à vida do Carmelo tenham uma verdadeira experiência cristã e eclesial. As raízes batismais da consagração religiosa são o ponto de partida básico que “leva a não admitir ao noviciado a não ser candidatas que já vivem de uma maneira adaptada à sua idade, todos os compromissos de seu Batismo” (n. 33). 
  
A experiência espiritual do Carmelo tem como fim levar a termo a vocação batismal. Seus dois grandes mestres, Santa Teresa e São João da Cruz, são Doutores da vida mística para todos os cristãos. Por conseguinte, depois de seu ingresso no Carmelo, a candidata vai aprofundar sua relação com Cristo mediante sua consagração religiosa, de maneira que sua maturidade humana, religiosa e carmelitana crescerão juntas, levando-a à plenitude seu crescimento humano, uma vez que Deus nos criou “por Cristo e para Ele” (Cl 1,16) (n. 34) 
  
As irmãs viverão “escondidas com Cristo em Deus” (Cl 3,3). O lugar do “ bom Jesus” é o primeiro no Caminho que Santa Teresa propõe a suas filhas (n. 35). As monjas crescerão na vida de comunhão com Ele, até poder dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (idem). O centro unificador da experiência pascal de configuração com Cristo encontra-se no coração da Regra do Carmelo: “meditando dia e noite na Lei do Senhor”. A Virgem Maria estará presente nesta vigilância, para ensinar a acolher a Palavra de Deus e obedecê-la (n. 36).
  
A Palavra de Deus – ouvida na oração, meditada e aprofundada na “Lectio Divina” e no estudo, recebida e celebrada na liturgia, compartilhada entre as irmãs, vivida no serviço e apoio mútuos – se encarnará na totalidade de cada irmã e a fará renascer (n. 36). 
  
A vida do Carmelo, estruturada por nossa Santa Madre, é, por si mesma, formadora e libertadora para as que a ela são chamadas. A oração em comum, a sobriedade litúrgica, a leitura espiritual, a clausura que cria um espaço de liberdade para a oração e a intimidade fraterna, o equilíbrio do silêncio e da palavra na vida comunitária, o trabalho solitário e os ofícios diários, a simplicidade alegre das recreações, que a Santa Madre quis que São João da Cruz desfrutasse, é o quadro e o estilo de vida que contribuem para centralizar-se no essencial e para orientar todas as forças vivas para Deus na fé, esperança e amor (n. 37) 

“Que todos sejam um, para que o mundo creia” (cf. Jo 17,21): A vocação carmelitana unifica porque é simples: o santo profeta Elias transmitiu ao Carmelo sua chama, ao mesmo tempo, contemplativa e apostólica. Em Cristo, por um mesmo movimento interior, a Carmelita vai para Deus e para seus irmãos. O desejo de participar na redenção do mundo e na reunião dos filhos de Deus dispersos é a origem de muitos chamados ao Carmelo, como ocorreu no caso de nossa Santa Madre Teresa (...) É também a meta da “carreira de gigante” de Teresa de Lisieux e o final silencioso do dom da vida de Teresa Benedita da Cruz, assim como de todos os mártires da Ordem ao longo dos séculos. (n. 38)  

Características da Formação

O desenvolvimento integral da mulher chamada à vida contemplativa do Carmelo desdobra-se em cada etapa de sua vida com acentos pessoais constantes, ligados às exigências e à graça desta vocação. Para ser efetiva e alcançar seu fim, a formação deverá ser: 

+ Contínua: a formação estimulará e nutrirá, ao longo da vida, o movimento de conversão iniciado no noviciado;
+ Progressiva: Passos firmes e metas precisas são sempre fatores favoráveis para todo bom progresso; 
+ Personalizada: a formação carmelitana deve enxertar-se na formação anterior, integrando positivamente o passado e orientando para a oração e o dom de si todas as forças vivas da candidata. 
+ Unificada e unificadora: Uma Comunidade unida em sua vocação será o lugar mais propício para a unificação interior de cada irmã no amor de Deus e das outras, bebendo no manancial do Coração de Cristo. 


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